24 de julho de 2009

nexo? pra que?


eu caminho. não tenho para onde ir.. na verdade nem quero ir. mãos no bolso, rua completamente vazia, ou melhor dizendo, abandonada. uso um casaco de pele, única maneira de me manter aquecido nesse frio. não sinto que estou caminhando, minha cabeça parece estar tão longe.. meus pensamentos estão tão altos. não sei porque eu insisto em utilizar tanta metáfora para explicar as coisas, eu poderia ser um pouco mais direto, poderiam me compreender facilmente. sede. mas nenhuma moeda sequer no bolso. não vejo muita coisa, a neblina não permite tanto assim. o máximo que eu consigo ver é a sarjeta, nada muito longe. o frio me desanima, não que eu não goste, mas pra mim é o tempo que eu fico mais fechado, se é que posso dizer assim. prefiro ficar em casa, nem que seja sem fazer absolutamente nada. a não ser que seja igual hoje, sozinho, sem rumo, sem falar nada a ninguém. nada vai acontecer. quem iria querer fazer algo a alguém que está a essa hora caminhando pela rua? quem observa, chama de louco. sendo sincero, gosto dessa minha loucura, gosto de ser meio fora do padrão, ser normal enjoa. gosto de saber que não é todo mundo que faria a mesma coisa que eu estou fazendo, se todos fizessem não teria tanta graça. estou viajando, estou longe, mas ao mesmo tempo tão perto.. se contradizer até que é interessante, maldita mudança repentina de humor. tosse, muita tosse. quem disse que esses remédios de hoje em dia ajudam? pra mim é tudo tempo. calma, acho que estou ficando louco. o céu, não consigo vê-lo direito. está escuro. se não fossem esses postes pela cidade, acho que tudo seria uma imensa escuridão. pensando bem, se tudo fosse escuro não ia ter tanta graça. é bom quando escurece, mas também é bom quando o sol nasce. muita escuridão deixa tudo mais quieto. muita claridade deixa tudo muito vivo. tudo que é em excesso é ruim, digamos assim. queria ter amnésia, pelo menos uma vez, esquecer de tudo e ao abrir os olhos começar tudo de novo, já que o passado eu esqueci mesmo. acho melhor voltar. não, vou continuar em frente. ouço assobios, deve ser coisa da minha cabeça, ninguém estaria assobiando essa hora, muito menos na rua. espera! vejo algo. uma pessoa se aproximando, será que ela faz o mesmo que eu? para onde ela deve estar indo? curiosidade, ai se ela matasse! vou continuar caminhando normalmente aguardando alguma reação, mesmo não sendo amiga, tudo é bem vindo em nome da comunicação. um homem.. alto, mais velho, passou reto, sua face parecia transmitir preocupação. está mais frio. míseros detalhes, eu os observo demais. acho que ninguém nunca percebeu aquele furo naquele lugar alí perto do bueiro, só eu. se percebeu foi uma coisa momentânea, nem houve tempo de se comentar. eu acho que penso demais, credo. aposto que se eu fizesse uma redação com tudo que eu acabei de pensar, acabaria levando um zero. pensamentos múltiplos são confusos, ninguém além de mim vai entender. é consequência do momento. que nem uma piada quando contada em um determinado lugar teve muita graça, mas se você for contar a mesma em outro local, poderá não ter a mesma graça, mesmo sendo a mesma coisa, foram situações diferentes. a hora vai passando, nem percebi que já estou quase no fim, mas perai, fim de que? não vejo saída nenhuma na rua que caminho. vou voltar. eu preciso! meu psicológico vai contradizer, mas meu corpo está pedindo. precisamos dividir as vontades também. ok agora eu pirei de vez, estou comparando vontades, que fim. pronto! agora só voltar. pensando bem..quem sou eu? ah, prefiro nem tentar responder, aliás, entender. me sinto aliviado, acho que pensar me fez ficar mais tranquilo. tá, agora chega. preciso de descanso psicológico e corporal. ambos estão pedindo. hoje sinto que procurei pela paz interior, seja qual for, mas acredito que estou correndo somente contra o vento, porém não vou descartar a possibilidade que hoje eu quase alcancei.

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